domingo, 7 de setembro de 2014

Décimo segundo capítulo: Encontro com a Lua.

     A noite caia devagar e dava espaço para o brilho das estrelas. Os três caminhavam pela floresta, entre as árvores, com cuidado. As folhas quebravam em seus pés. De longe já podiam enxergar e ouvir o movimento em Adrin. Era tranquilo e pacifico. Podia-se ouvir uma melodia de violino à distancia. O Sol dava o ultimo espetáculo do dia. Seus raios sumiram lentamente, formando um belo céu cor de rosa. Brenys nunca havia ido em Adrin. Tholes era um dos poucos que Horward tinha alguma consideração. Eles adentravam a cidade devagar, observavam cada lugar. Os olhos de Brenys brilhavam com o grande marcador no centro da praça. Ela se desesperou ao ver soldados se aproximando deles. Rothen tomou a frente e mostrou um tipo de pergaminho aos homens que lhes deram passagem. As pessoas começavam a se recolher para suas casas. Algumas tavernas começavam a abrir iluminando as estradas de pedra. O homem que tocava violino no centro da praça recolhia as moedas que conseguirá ao longo do dia. Pequenas lamparinas começavam se acender pela cidade. Parecia um pequeno show de luzes. Kyra também tinha olhos atentos no movimento. Mas Brenys dançava em passos longos, olhando pra cima e pros lados quase que ao mesmo tempo. Como uma criança curiosa. O castelo era fino. Era uma espécie de torre. Depois de alguns minutos de observação, ela descobriu que a torre era o marcador do relógio. Era incrivelmente alto. Haviam poucos guardas em sua segurança. Rothen mostrou novamente o pergaminho aos guardas que deram passagem aos três. 
        O que é esse pergaminho que você tanto mostra? Um convite real?    Kyra perguntou com deboche. Rothen a respondeu com uma risada. E a respondeu depois.
        É um pergaminho de permissão. Tholes que o preparou para mim. Tenho permissão de entrar na cidade e no castelo quando quiser.
        Você deve ser da confiança de Tholes...    Brenys sussurrou.
        Somos velhos e bons amigos.
     Eles continuaram a entrar no castelo. Suas paredes eram de um tipo de pedra largo e bege. Quando chegou ao hall de entrada, Brenys olhou pra cima e viu uma longa escadaria. Mesmo sendo uma longa escadaria, não era as escadas que mais chamavam atenção. No centro do hall havia uma enorme arvore, cuja os galhos não podiam ser vistos. Eles estavam em cima, passando o teto e no chão do outro andar. A torre parecia um pouco com a torre de Rothen. Havia um subsolo onde estavam a maior parte dos cômodos, como a cozinha, banheiros, quartos de empregados. Uma serviçal os serviu com tugor. O gosto doce imundou a boca de Brenys que saboreou até a ultima gota. Outro serviçal que descia as escadas nos chamou para subir. A escadaria parecia não ter fim. Chegaram finalmente ao primeiro andar da torre. Brenys viu que ali ainda tinha tronco da grande árvore. O serviçal pediu para que Brenys e Kyra esperassem enquanto Rothen subiu mais escadas junto a ele. O primeiro andar da torre era a sala do trono. Era simples comparada com a de Horward. O trono era de madeira rebuscada com uma longa faixa marrom com o simbolo de uma ampulheta bege desenhada atrás dele. Haviam algumas mesas com cadeiras de madeira pelo salão. O chão era liso e cinza, bem limpo. Alguns candelabros de pé enfeitavam a sala com pequenas janelas redondas e de vitral simples. Era aconchegante de certa forma. Curiosa, Brenys começou a subir os primeiros degraus da escadaria.
        Aonde você vai, Brenys?    Kyra sussurrou a segurando pelo braço.
        Preciso ver o que tem acima.
        Você é louca?! Mandaram esperarmos aqui. Se eles nos pegarem, como escaparemos?
        Não vão nos pegar, fique tranquila.
     Subiu os degraus depressa e se deu em uma biblioteca. Em frente a escada, havia uma grande janela oval e o resto das paredes eram cobertos por estantes de madeira clara. Todas lotadas e abarrotadas de livros finos, médios e grossos. Alguns empoeirados, outros super limpos. Ela se perdia lendo devagar os títulos, andava empolgada pela sala redonda. Em frente a janela, estava um tapete com um pequeno sofá e uma mesinha de madeira ao lado com uma lamparina em cima. Abaixo da lamparina, tinha uma toalha rendada que cobria a mesinha redonda. Brenys começou a fuxicar as prateleiras com curiosidade. 
        Com tantos livros aqui, é impossível não ficar curiosa    O coração de Brenys parou por segundos. Ela segurou a respiração e desesperou-se. Virou-se devagar para o som da voz. Viu um homem de idade média. Vestia-se de forma simples mas com bons tecidos. E usava uma capa marrom por cima. Seus cabelos eram castanhos e lisos na altura da nuca. Pareciam estar ficando grisalhos. O homem olhou com para ela com ternura e sorriu com gentileza. Começou a se aproximar devagar    Qual é seu nome criança?
      Brenys ressentiu e balançou a cabeça negativamente. O homem sorriu com sua resposta.
         Entendi... Você não pode dizê-lo. Fique tranquila, isso não será um problema. Eu sinceramente também não gosto muito de trabalhar com nomes. Tenho outra forma muito melhor de conhecê-la. Por favor, poderia me dar sua mão?
      Ele estendeu sua mão à ela. Nervosa e tremendo, desconfiada, ela entregou a mão devagar a ele. O homem fechou os olhos e respirou fundo. De olhos fechados ele começou a sussurrar.
          Dez de novembro... De dezoito anos atrás. Lua cheia... Sol na constelação de escorpião. 
       Brenys ficou boquiaberta e de olhos arregalados. Quando o homem abriu os olhos e viu sua expressão, soltou uma gargalhada. Ele soltou sua mão e começou a caminhar pelo salão lentamente.
          Você gosta de livros?
          Gosto, só não li muitos    Brenys sussurrou.
          Entendo... Você sabe ler?
          Um pouco...    Brenys respirou fundo e encarou o homem    Como você sabia daquilo tudo? Quem é você?
          Alguns me chamam de sábio... Outros de senhor do tempo. Mas me chamo Tholes.
          Você é Tholes?
          Decepcionada?
          Não.. É que os deuses costumam ser jovens e de melhor aparência possível... Não que esteja lhe chamando de velho.
       O homem soltou uma gargalhada e a olhou.
          Tudo bem, criança. Eu realmente tenho aparência mais velha que os outros. A magia do tempo é extremamente cansativa e trás consequências físicas. 
          O que tem lá em cima?
          Meus aposentos. Gostaria de conhecê-los?
       Brenys balançou a cabeça positivamente e ambos começaram a subir as escadas. O quarto era simples mas belo. Havia algumas janelas redondas e uma cama feita de madeira talhada. Um armário com os mesmos desenhos da cama na madeira. Um longo espelho com borda de prata desenhada. Alguns dos galhos da enorme árvore já estavam no quarto. Eles decoravam o teto com alguns ramos de folhas caídos. As janelas tinham finas cortinas brancas que balançavam com a brisa. Ainda havia mais escadas. Ao perceber o olhar de Brenys, ele a explicou.
          Essas escadas vão para o terraço, mas não podemos ir lá agora. Rothen está ocupado lá em cima. 
          Nunca tinha visto uma árvore tão grande em toda minha vida. Eu já vi muitas árvores de diversas cidades. Já vi árvores largas, compridas, com muitas raízes, poucos galhos, até sem folhas. Mas nunca uma tão alta e grandiosa como está.
          É uma árvore especial, moça    Um rosto começou a se formar na árvore. Brenys deu um pulo pra trás de susto    Não se assuste, criança. Essa árvore é minha esposa.
          Sua esposa? Você casou com uma árvore?
          Minha esposa nem sempre foi uma árvore. Uma bruxa de coração negro à amaldiçoou. O seu amor foi morto em uma guerra de todos as cidades. Ela me culpou pela morte de seu amado e como castigo transformou minha mulher em uma árvore para que nunca mais possamos ficar verdadeiramente juntos. Mas eu arrumei uma forma de burlar a maldição. Posso manipular o tempo. Então, viajo com ela para o tempo que ainda não era transformada. E podemos ficar juntos. Mas é como eu lhe disse criança... A magia do tempo trás consequências físicas.
         Deuses podem morrer de velhice?
         Podem. Mas o poder dos outros não é tão agressivo como o meu. Por isso preciso de Rothen... Ele me faz uma poção da juventude e cuida da saúde de Nayla, minha esposa. Eu... não posso deixá-la sozinha. Ela nunca se deixou murchar ou secar. Só pra estar ao meu lado. Viverei ao lado dela até os últimos dias de minha vida. 
         Essa guerra... Foi a guerra de Marven? Que matou o rei de Lightfire?
         As más línguas dizem que Markus não morreu. Mas está guerra não foi apenas de Marven. 
         Não foi apenas de Marven? Quem era seu aliado?
         Esse fato não foi trago à tona. Marven fez questão de esconder seu aliado. Deixando apenas os deuses como conhecedores da história. A invasão à Lightfire foi ordenada por Horward. Ele queria aumentar suas fronteiras e seu poder. Horward fez um trato com Marven, que ficaria oculto na guerra, mas que mandaria seus homens com as armaduras do raio. É por isso que Marven e Horward se odeiam tanto, porque um culpa o outro pela falha do plano. Horward naquela época não tinha um dragão ao seu lado. Os dragões não obedecem a pessoas com fogo negro, apenas fogo puro. 
       Os olhos de Brenys se encheram de água. Seu rosto se tornou vermelho e lhe faltava ar. O ataque que matará seu irmão foi ordenado por Horward. A fuga de Markus do poder, colocando Jamkas no lugar foi culpa de Horward. Tudo que ela havia sofrido forá por culpa dele. E ele ainda a usou. Fez-a fazer um pacto com o fogo para dominar o dragão que a protegeu quando fugiu da cidade que morava. Todo seu mundo caiu diante dos seus olhos. 
           Porque choras criança?
           O senhor não sabe o que descobri com o que me contou agora... Tive grandes perdas nessa guerra. E agora sei quem foi o culpado. Não sabe como foi difícil pra mim. 
           Imagino que tenha sido sim, criança. Teus cabelos são tão engraçados. Me lembram das folhas vermelhas que caem das árvores. 
        Em meio as lágrimas, Brenys deu um breve sorriso.
           Você é o primeiro que me diz que meus cabelos não parecem um mar de fogo.
           E nunca diria isso. O que você acha mais belo, uma gota de fogo cair junto ao longo mar ou a dança que uma folha faz no ar ao cair de seu galho?    Tholes arregalou os olhos e se tocou da palavra. Era ela. Ela era o mar de fogo que virão. Ela era a ajuda que a Lua mandou pra eles!    Criança... Você sabe que outra guerra se aproxima, não é? Você gostaria de participar dela?
           Você enlouqueceu? Eu acabei de dizer que passei por coisas horríveis na ultima guerra e que acabei de descobrir verdades de um passado terrível. Eu não posso participar desta guerra!
           Precisamos de você... Você foi a escolhida da Lua para nos ajudar. Na reunião, quando pedimos ajuda à Lua, apareceu a sombra de uma imagem de um mar de fogo. É sua principal característica não é?
           EU NÃO POSSO!    Brenys gritou com as mãos na cabeça    Eu perdi meu irmão diante dos meus olhos na guerra. Não pude ajudá-lo e nem defendê-lo. Fui expulsa da minha cidade por não seguir as leis impostas. Tive que abandonar minha família que precisava de mim! Tive que deixar minha irmã caçula aos berros e choros, sem poder consolá-la nem dizer que voltaria! Quase fui abusada na floresta. Por sorte, um dragão me defendeu. Matando os homens que tentaram aproveitar de mim. Descobri que o homem que eu amo foi o homem que fez todas essas desgraças na minha vida e ainda me usou porque eu tinha um dragão me defendendo! Você acha que está sendo fácil isso tudo pra mim? Eu vim lutando e matando pessoas há tempo... Saqueei cidades de pessoas que tinham muito menos do que eu. Você entende o nojo que eu tenho de mim mesma? Do nojo que eu tenho a essa guerra?
           Se você não for, fará mais inocentes mortos, mais pobres sem nada, mais crianças sem família... Nunca é tarde pra se arrepender criança.
        Brenys começou a correr, descendo a enorme escadaria. Tholes suspirou e chamou um serviçal.
           Senhor    O serviçal disse reverenciando. 
           Chame Pankul, por favor. Eu achei o mar de fogo.


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        Gyles estava mais determinado do que nunca a encontrar Brenys. Ele estava chegando ao Subterrâneo. Estranhou a não ver o enorme dragão que guardava o portal. Havia apenas alguns guardas protegendo-o. Quando ele se aproximou, os homens o interrogaram.
           Quem é você?
           Sou Gyles Kasnier. Caçador de recompensas e amigo de Hefrix, Brenys e Horward. Houve algum problema? Onde está o dragão que cuida do Portal?
           A comandante desapareceu numa explosão. O dragão explodiu em uma luta contra a tropa de Marven. Seu nome está autorizado, pode passar, Gyles.
        Gyles entrou com pressa pelo longo corredor. Estava preocupado com o acontecimento. E Brenys estava desaparecida e o pior, o dragão morto. Como ele iria pegar as lágrimas agora? Mas sua principal preocupação era Brenys agora. Ele chegou correndo ao castelo e logo de entrada encontrou Hefrix, que veio correndo para os seus braços num forte abraço. 
           O que aconteceu, Hefrix?
           Muitas coisas aconteceram, Gyles... Você não imagina a gravidade delas.
        Descendo as escadas de postura ereta e face séria, bem diferente da descontraída e irônica que sempre tinha, estava Horward. 
           Ela tem razão, Gyles. Muitas coisas aconteceram. 
        Hefrix saiu com pressa dos braços de Gyles, e olhou para o irmão. Estava com seus cabelos vermelhos desgrenhados e com a barba cerrada. Parecia cansado e nervoso.
           Horward... Pedi pra você descansar    Hefrix suspirou.
        Horward ignorou a irmã.
           Gyles, entramos em guerra. Recomendaria que não viesse aqui com frequência, a não ser que queria me ajudar.
           Que tipo de ajuda? A única arma que sei usar é um bastão.
           E o arco que trás nas costas?
           Uso-o apenas para caça de animais.
           Pela sobrevivência, aprendemos muitas coisas, Gyles. Mas não quero que lute. Quero algo mais pessoal.
           E o que seria?
           Quero que encontre Brenys.

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        Longe o bastante. Era assim que Brenys se sentia. Ela correu até as margens de Adrin. Distante dali, podia-se ver as sombras de Wind. Brenys estava com a respiração ofegante e chorava descontroladamente. Ela sentia como se a pedra de uma catapulta havia lhe acertado. Estava confusa e sem orientação. Estava longe de casa, longe da família, longe da vida. Tirou as botas de couro dos pés e os afundou na água. Sentou-se na beira. Olhou seu reflexo na água por instantes e chutou sua imagem. Sentiu nojo dos cabelos corais. Ela não sabia o que sentia ao certo. Era uma mistura de rancor com raiva, tristeza e ódio. Tinha vontade de destruir tudo ao redor. Ela ia fugir. Quando estava se levantando e preparando pra correr pro mais longe possível, ouviu uma voz.
            Não fuja, Brenys.
         Seu coração parou por um instante. Olhou ao redor e ninguém viu.
            Eu só posso estar louca...
            Não está    A voz a respondeu novamente.
            Quem é você?
            Eu tenho muitos nomes. Sou aquela que posso ver a todos, inclusive você, Brenys. Sempre estive a observando. Desde que nasceu... Aquela menininha que nasceu em uma lua cheia as margens de um lago. A parteira teve dificuldade em fazê-la nascer. Uma menina com a dadiva da beleza. Uma criança que cresceu com sede de luta e a vontade de erguer uma espada.
            Como sabe disso tudo?
            Já disse pra você, Brenys. Sempre estive a observando.
            Então apareça! Por favor. Preciso saber se realmente não estou louca.
         De repente, vários focos de luz foram aparecendo. Eles brincavam voando acima do mar que refletia suas luzes. Eles começaram a se juntar num ponto brilhoso que tomava a forma de uma mulher. Seus cabelos eram brancos meio prateados e tinha a pele como neve. Ela usava uma armadura em forma de collant desenhada e prateada com detalhes de pano azul marinho, uma saia branca comprida com abertura na frente, luvas prateadas com um pano azul marinho comprido preso em cada uma e nas costas, botas prateadas com os mesmos desenhos da armadura até a coxa e uma coroa prata. Seus olhos eram púrpura. Em suas costas, havia um arco prateado e decorado, nele havia pendurado um enfeite de lua azul. Ela flutuava acima do lago.
          Brenys estava sem ação. não conseguia nem piscar observando a mulher. Ela brilhava como a Lua no céu.
             Acalme-se. Me chamo Belia.
             Belia? O nome da rainha do conto?
             Eu mesma. Venha até mim.
             Como?  
             Só venha.
          Brenys encostou os pés na água e eles não afundaram. Ela olhava de olhos arregalados para a água e começou a andar lentamente. A água estava fixa como o chão. Brenys ficou a uns 6 metros de distancia dela.
             Foi você que mandou o sinal a eles?
             Sim, fui eu.
             Porque? Porque têm que ser eu?
             Sempre foi você. Têm que ser você. É a única que pode. Você é a escolhida da Lua. 
             Se eu sou a escolhida, porque nunca me ajudaram? Porque nunca me avisaram? Eu poderia ter sofrido menos.. Poderia ter me preparado mais.
             Eu não podia interferir no seu destino. Perdoe-me. Sempre tentei lhe trazer conforto quando se sentia mal. Implorava a Lua que pudesse lhe ajudar. Fui eu que botei Zutic no seu caminho. Coloquei Kira pois ela poderá ajudar você no futuro. Tentei salvar seu irmão... Mas não pude. Essas pessoas precisam de você, Brenys. Você tem o dom. Precisa treiná-los e formar um grande exercito. Até sua família está em perigo. Se não agir, Horward mandará homens atrás da sua família para achá-la. Ele acredita que está fugindo dele. ele sente você. Ele pode lhe encontrar assim que você restabelecer suas forças.
             Como posso me livrar dele? Como posso proteger minha família?
             Primeiramente, precisa se livrar da parte do fogo negro que têm em você. E depois tiraremos sua família de Lightfire e à colocaremos em um lugar seguro.
             Como posso tirar o fogo negro de mim?
             Deite na água. 
          Brenys se deitou devagar, sentia o movimento em seu corpo. A água começou a subir em linha passando por todo o seu corpo. A água que estava embaixo dela ficou negra. Ela se levantou. Sentia-se limpa e em paz. A água preta começou a se dissipar ficando clara novamente.
             Então, Brenys. Você aceita ser a comandante desta luta?  
             Eu aceito.
             Eis aqui então a protetora de Egron.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Décimo primeiro capítulo: Aliança.

    Brenys e Rothen arrumaram suas bagagens e partiram para seu rumo. Eles caminhavam por dentro da floresta, entre as árvores. Caminhavam lado a lado. Orientavam-se através do sol e e um mapa de Egron. O mapa era todo rabiscado com rotas e atalhos. Era um mapa estratégico com rotas feitas por Brenys. Eles eram cautelosos e andavam com atenção. A floresta parecia tranquila. O que era mais preocupante.
        Relaxe um pouco, Brenys. Me parece muito tensa.
        Um deslize meu e podemos morrer. Eu quero voltar viva, e você?
     Rothen soltou uma gargalhada. Brenys fez um um gesto para que ele risse mais baixo.
        Também pretendo voltar vivo, Brenys. Você é assim em todas as suas missões?
        Geralmente, sim. Quando se é comandante, tem que ter muito pulso firme. Um erro e uma tropa inteira pode morrer. Um deslize e todos podem se machucar. Eu lido muito mais do que com mortes. Eu lido com vidas.
        Você já me provou que literalmente brinca com a morte    Rothen fez uma cara de deboche e Brenys deu um tapinha no seu ombro    Mas não é verdade? Quantas pessoas que você conhece que sobrevivem uma explosão de um dragão?
        Zutic era um dragão especial. Ele me acolheu. Ele me salvou quando ainda era menor do que uma árvore. 
        Você nunca me disse o que aconteceu com você, Brenys.
        Não é algo que eu goste de dizer. 


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     O fogo dançava no chão. As ondas quebravam pegando fogo. Ambos ficaram boquiabertos com as imagens.
        Isso são ondas de fogo?    Eryell encarava o chão. 
     Depois de alguns instantes a imagem se desfez. Todos respiraram fundo.
        O que isso quer dizer? Que ondas de fogo são essas?    Ethen disse nervoso e curioso.
        Isso só a Lua vai nos mostrar.. Vamos ter que esperar    Eliora disse respirando fundo.
        Ainda não estou entendendo o que aconteceu aqui...    Abel estava confusa e preocupada.
        Ninguém entendeu muito bem, Abel. Tholes?    Eliora o chamou. Tholes direcionou o olhar para ela em resposta    Será que você não poderia olhar no futuro? Qualquer dica que nos ajude.
        Eu posso tentar, Eliora. Mas você sabe que não devemos mexer no futuro assim. Não é certo e pode causar problemas ainda maiores    Tholes respondia com calma e leveza. Ele era o único que tinha a feição serena. Tholes tinha a pele corada e cabelos castanhos escuros compridos e lisos. O rosto já mostrava sinais de envelhecimento. A magia do tempo era uma das que mais que cobrava do corpo. Era muito desgastante. Ele usava uma calça de tom marrom e uma blusa cinza simples. Por cima da roupa, usava uma túnica marrom com capuz.
         Vocês só tão esquecendo de uma coisinha bem simples... MARVEN E O HORWARD TÊM AS MELHORES E MAIORES TROPAS! ELES ESTÃO DECLARANDO UMA GUERRA E VOCÊS ESTÃO MAIS PREOCUPADOS COM UMA ONDA DE FOGO QUE APARECEU NO CHÃO QUE NEM SABEMOS O QUE SIGNIFICA!    Ethen gritou estérico. 
         Acalme-se, Ethen. As coisas não são assim. Isso deve ter algum significado. A Lua não teria nos mostrado isso atoa. Mas não deixo de concordar com você, temos muito a discutir.    Prunda respondia devagar. Tinha feições de preocupação, mas tentava manter tranquilidade. O que não era seu forte.
      Darkain olhava pras unhas, fingindo estar distraída. Respirou fundo e encarou os deuses da sala.
          Eu sei que temos muito a discutir. Mas no momento, tudo que posso dizer é pra se prepararem. Vou treinar mais curadores e intensificar na criação de remédios. Freyceol pode trabalhar na criação de novas armas e escudos pra uma grande tropa. Pelo visto vamos ter que nos unir    Alguns fizeram face de desgosto, alguns de nojo. Eryell respirou fundo e continuou    Sei que nem todos são à favor disso. Mas não temos outra opção. Todos de acordo?    Os deuses balançaram a cabeça positivamente.
       Rewis que passara a reunião inteira em silêncio, levantou-se. Ele raramente falava algo nas reuniões. 
          Já que nós dez estamos de acordo, eu tenho uma sugestão. Isso aqui é uma união, uma aliança. Não vai ser brincadeira. Isso vai ser sério de verdade. Temos que visar o melhor pra nossa cidade. Pras pessoas que vivem nela. Acima de tudo, temos que protegê-las. 
          Estou de acordo, Rewis    Prunda respondeu.
          Hoje, meus companheiros, está nascendo uma aliança entre nos dez. A Lua vai recompensar nossos esforços. Está nascendo a Aliança da Lua.


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       Dois dias tranquilos e sem problemas haviam passado. Brenys e Rothen já estavam na parte comercial de Steel Honor. Os dois usavam túnicas com capuzes. Brenys havia amarrado seus cabelos num coque para não ser reconhecida. Eles compravam algumas frutas, quando Brenys reconheceu um rosto. Hilia. Ela se aproximou devagar e a puxou pelo braço para o fundo de uma loja, enquanto deixou Rothen comprando os alimentos. Hilia resmungou e já ia começar a gritar quando viu o rosto de Brenys.
          Brenys? Você está viva?!    Hilia estava surpresa com os olhos arregalados.
          Claro que estou, Hilia. Não temos muito tempo. Me informe o que está acontecendo em Egron e no Subterrâneo.
          Horward está te procurando há dias! Ele voltou recentemente de uma reunião. Quando eu estava partindo em minha carroça ontem à noite, ele estava chegando. Parecia contente e ambicioso. Daqui a dois dias, ele fará um comunicado. Parece que é Marven e Horward declararam guerra entre si e entre as outras cidades. Não sabemos de muito ainda. Parece que uma aliança entre as outras cidades surgiu.
          Droga! Era o que eu imaginava que aconteceria. Hilia, preciso da sua palavra. Isso é sigiloso. Você não pode contar a ninguém que me encontrou, nem que estou viva. Nem pra Hefrix, nem pra ninguém, muito menos por Horward, entendeu?
          Você não pretende voltar pro Subterrâneo, Brenys?
          Prentendo, Hilia. Mas tenho que resolver uns assuntos antes. O Horward precisa de mim agora. 
          Pense bem, Brenys. Você está livre agora! Tem certeza que vai voltar a ser uma manipulada? E quando o trato com o fogo negro? Horward pode senti-la, não pode? Você tem um acordo com o fogo puro e o negro.
          Ele não pode me encontrar se eu não o chamar. Talvez ele sabia que estou viva.
          Mas o que aconteceu com você? Horward acha que foi raptada por Marven.

          Não tenho tempo para explicações agora, Hilia. Vou explicar tudo depois. Eu preciso ir. Tenho sua palavra, Hilia?
          Você tem minha palavra e minha gratidão, Brenys Hawklight. Seu segredo será bem guardado. O fogo que mata às vezes é o mesmo que protege.
       Brenys consentiu acenando com a cabeça. Como um tigre pronto à dar o bote, ela se movimentou em silêncio. Saiu entre as sombras com rapidez, andou entre as pessoas como um vulto e se juntou novamente a Rothen.
          Onde estava, Brenys?    Rothen sussurrou contando algumas moedas.
          Tratando de uns assuntos. No caminho eu lhe explicarei.
          Certo.
       Rothen comprou frutas, dois peixes e alguns cereais. Também uma garrafa de tugor. Entre as frutas, tinha-se malun e amona. Os dois se retiraram da cidade, entrando pela floresta com rapidez e cuidado. Seus sentidos estavam apurados e ligados. Andaram por mais ou menos duas horas e meia. O Sol já estava quase se pondo. No silêncio da floresta, alguns passos surgiram atrás de Brenys e Rothen. Ambos pararam e aguardaram alguém aparecer. Brenys estava com sua espada empunhada pronta pra luta. Uma mulher de armadura saiu entre as árvores. Seus cabelos eram loiros e bem curtos. Ela usava uma armadura prata com apenas uma ombreira que tinha o rosto de um leão como formato. Seus olhos eram desconfiados e azul celeste. Tinha uma expressão desconfiada e desafiadora. Ela também segurava uma espada. Ela usava uma especie de top rosa e por cima uma blusa de pequenas argolas pratas, aparecendo sua barriga. Usava luvas pretas nas mãos. No braço da ombreira, tinha uma extensão da armadura. Usava uma saia de pregas de couro rosa, com correias de prata penduradas, e com botas pratas que iam até acima do joelho. Em suas costas haviam mais duas espadas, cruzadas. O ombro sem a ombreira era coberto com uma capa de pele de onça do pescoço aos pés. No seu olho esquerdo havia uma pintura na cor rosa que ia de baixo do olho até o fim do rosto.
         Quem são vocês?
         É você que está nos seguindo. Você que nos deve explicações.
         Eu me chamo Kyralia Lothar. Uma amazona solitária.
         Me chamo Brenys Hawklight. E este é Rothen Orthis. 
         Hawklight? Interessante. Já ouvi falar de você. Tenho grande respeito pelas suas habilidades.
      A mulher guardou a espada. Em seguida, Brenys também guardou a sua.
         Agradeço a admiração.
         Pelo rumo que estão tomando, estão indo para Adrin. Assim como eu.
         Minha função é apenas protege-lo. Será que gostaria de nos acompanhar? Melhor que is solitária.
      Rothen arregalou os olhos para Brenys.
         Protege-lo? Espero que não conte comigo para isso. Amazonas odeiam homens. Eu sou acostumada a ser solitária.
         Mas ele é útil. Ele é um mago curador. E essa é minha missão, protege-lo. Não preciso que o proteja, mas apenas colabore. Juntas podemos ter mais chances de evitar algum "acidente" durante a viagem.
         Compreendo. Me juntarei a vocês. Me chamem de Kyra.
         Seja bem vinda..    Rothen sussurrou entre um sorrio assustado.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Décimo capítulo: Desunião.

     Se passaram dois dias. No alto da montanha mais alta os doze estavam. Todos cobertos com uma túnica correspondente a cor da sua cidade. Cada um em seu respectivo lugar. O Templo Moonlight era um belo lugar. Suas escadarias eram gigantescas mas, valia a pena olhar a bela vista do topo. O templo era aparentemente aberto e redondo. Suas paredes eram cobertas por janelas que iam do chão até o teto. O teto era uma cúpula desenhada, imitando os céus durante a noite com uma bela lua cheia desenhada e estrelas ao redor. As cadeiras dos deuses ficavam em circulo perfeito. No centro havia uma porta escondida. Abaixo dela, havia uma escada espiral que descia até a cozinha e os aposentos de guardas e servos. Eles que serviam os deuses com um hidromel da melhor qualidade. Eliora suspendeu a serventia e mandou o servo voltar a cozinha. Eryell se levantou e se encontrou no centro.
        Boa noite, Conselho da Lua. Fazia-se tempo desde nosso ultimo encontro. Resolvi marcá-lo pois creio que tenhamos novidades para dividir com o grupo. Ou até mesmo assuntos que não foram abordados à todos nós.
     Marven e Freyceol a encararam no mesmo momento. Horward mantinha a mesma expressão fria e séria de antes. Eliora falou rapidamente sobre evoluções em sua cidade. Marven se levantou.
        Horward roubou a espada da Jurisdição.
        Não tem provas de que fui eu, Marven. 
        VOCÊ APRISIONOU MEU COMANDANTE!
        Foi você que me atacou, Marven.
        ESPERO QUE AQUELA SUA COMANDANTE LADRA ESTEJA MORTA.
     Horward levantou-se e levantou a mão para Marven.
        Não ouse falar dela. 

     Ambos estavam quase se atacando. Uma arma dourada pareceu entre eles com rapidez.
        Vocês vão aprender a conversar ou vou ter que ensiná-los?
     Ambos retornaram aos seus lugares. A arma de ouro era um tridente. Eryell respirou fundo.
        Obrigada pela ajuda, Abel.
     Abel acenou com a cabeça. Abel era branca como espuma. Seus cabelos eram rosa como os corais do mar. Sua armadura era dourada e tinha uma abertura no centro que ia dos seios ao umbigo. Ela usava uma calça de couro turquesa e uma especie de bota. Ela usava uma coroa dourada na testa. Sua luva imitavam escamas turquesas com o fim dourado. Abel era uma sereia na água mas fora dela, tinha pernas "temporárias". Ela precisava de pelo menos uma gota de água para não se desidratar. Sempre trazia com ela uma garrafinha dourada com água do mar. Seus olhos eram uma espécie de mel, quase dourados. Ela usava um cinto feito de um tipo de alga, com conchinhas penduradas.
         Também tem grandes chances de você tê-lá aprisionado, Marven    Horward gesticulava com calma, sua feição fria voltará com força. 
         Queria eu tê-la encontrado. Já deve ter sido devorada por algum animal.
         Creio que esteja viva. Afinal, era minha comandante, não uma tripulante qualquer. 

 
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         Você ainda vai me fazer catar mato por muito tempo?
         Admiro sua paciência    Rothen soltou uma gargalhada e Brenys bufou. Eles andavam pela floresta aberta com tranquilidade    E não é mato. São ervas, Brenys. São úteis para cura e poções. Algumas até para chás. 
         Continuam sendo folhas.
         Folhas que podem curar um ferimento seu. Folhas que podem até salvar sua vida! Não são simples folhas. No Subterrâneo vocês não têm uma curandeira?
         Temos sim. Mas raramente eu iria nela. Raramente me machucava. Sou boa no que faço.
         Fico feliz por saber disso    ambos soltaram uma risada. Continuavam a caminhar. Rothen pegou uma folha e pôs na mão. Depois pegou outra folha e colocou ao lado da primeira. Chamou Brenys para se aproximar    Está vendo? São diferentes    Brenys olhava com atenção    Está aqui se chama anylia    Rothen segurou a folha e a outra folha com a outra mão. Segurava ambas pelo caule. Levantou um pouco a mão para identificar a anylia    está outra se chama cenol    ele abaixou a anylia e levantou a mão do cenol. Depois abaixou as duas mãos    A anylia é uma erva que serve pra curar queimaduras. O cenol é uma erva altamente venenosa. Pode matar alguém em minutos. 
         Mas elas são muito parecidas! Como você sabe qual é qual?
         Pelo pigmento. O cenol tem pigmento mais escuro. 
      Rothen guardou as duas folhas e os dois tomaram o rumo de volta para casa. Eles voltavam próximo da estrada. Até que ouviram vozes. Eles se esconderam atras das arvores. Dois homens passavam numa carroça, conversando.
         Então eles fizeram uma reunião hoje?
         Estão sim. Parece que o tal Horward que mandou roubar a espada do Freyceol. O Marven tentou saquear a espada pra ele, mas não teve sucesso. Mas dizem que aquela tal Hawklight sumiu sem deixar rastros. Feito poeira no ar. O Subterrâneo todo está procurando por ela.
         Mulherzinha valiosa essa, hein. 
         Claro que é! Além de ser a comandante de Horward, se tornou noiva dele! Ninguém tem coragem de desafiá-la. Dizem que parece o próprio fogo lutando. 
      Os dois homens passaram. Brenys e Rothen respiraram fundo e voltaram a andar. Brenys estava pensativa.
         O que foi, Brenys?
         Os deuses estão em uma reunião. Isso é péssimo. 
         Foi você, não foi, Brenys?
         Fui eu o que?
         Que roubou a espada.
      Brenys ficou calada e continuou a caminhar. Respirou fundo.
         Foi.
         Você sabe que isso é errado, não sabe? Freyceol se arrependeu de dê-ta criado. Ele não sabia que ela causaria tantos problemas.
         Sou uma serva. Faço o que o que o rei manda. 
         Você vai querer ser sempre assim? Uma serva. Uma manipulada. Você pode ser livre, Brenys.
         Livre? Todos esses reinos vão me caçar até a ultima gota dos mares. 
         Eles vão caçar Horward. Mas é tão difícil assim deixá-lo?
         Eu o amo.
         E esse amor vale pela sua prisão? Vale a pena ser uma criminosa? Sempre achei que tivesse a personalidade de um animal selvagem. Pronto pra ser livre. 
      Rothen havia tocado na maior dúvida de Brenys. Será que valeria a pena tudo isso que ela passava? Ela ama Horward e era grata a tudo que ele à fez. Mas ela não podia ser enjaulada pra sempre. Brenys ficou calada e não o respondeu por um tempo. Eles já chegavam em casa.
         Brenys?
         Diga.
         Antes de ir embora, me acompanharia à um lugar?
         Pra onde vai?
         Vou terminar um medicamento que Tholes me pediu. Preciso que vá a Adrin comigo.
         Porque não pode ir sozinho?
         Vamos dizer que seja um medicamento um tanto raro. Steel Honor é cheio de ladrões. Preciso de proteção.
         Seria uma aventura? Então conte comigo.
      Ambos sorriram um para o outro.

 
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      Em uma das cadeiras estava Ethen, jogado. Ele comia uma tigela de jamans sozinho. Ele lambia as pontas dos dedos, concentrado no gosto. Estava mais interessado na tigela do que na reunião. Ethen era corado no tom da areia com belos cabelos cacheados e loiros num tom palha. Seus olhos eram castanhos escuros e vagos. O rosto era fino e o corpo forte, limpo de pelos e sarado. Ele usava uma camisa branca com abertura aparecendouma parte do seu peitoral. Ele também usava uma calça era marrom e de couro junto com um colete do mesmo material e cor. Quando acabou a tigela começou a prestar um pouco mais de atenção na reunião.
          Marven, porque atacou o Subterrâneo?    Abel mexia com as pontas dos dedos no liso cabelo, enrolando-os. Ela encarava Marven, desconfiada    Você não estaria atrás da espada, estaria?
          Agora que Abel levantou a questão, também fiquei curioso Marven... Você sabe que o uso dessa espada é perigoso e proibido pelo Conselho    Freyceol olhava curioso para Marven.
          Freyceol, porque comunicou Marven quando a espada foi roubada?    Eliora direcionou o olhar a Freyceol.
          Spoke Gold é a cidade mais próxima com uma boa tropa. Além da aliança entre Steel Honor e Spoke Gold. Acreditei que conseguiria trazer a espada de volta...
          E você, Marven? O que tem a nos dizer?    Eryell olhava impaciente para Marven.
          Ele é o acusado e é a mim que fazem perguntas?    Marven apontou para Horward que soltou uma leve risada.
          Não troque de assunto. Resolveremos o caso de Horward logo após o seu    Eryell respondeu com seriedade.
          Não tenho a obrigação de responder nada    Marven sorria sarcasticamente.
          Ele vai continuar enrolando e não vai responder nada.. Como de costume. Alias, ele é Marven. O grande comandante do Conselho    Horward se levantou e começou a andar em círculos no centro das cadeiras    Mais uma vez somos submetidos a calar nossas bocas por causa dele. E porque? Porque dependemos do seu ouro? Esse Conselho me enoja.
          Assim que foi deter...    Prunda foi interrompida por um grito de Horward. Prunda se fez surpresa ao seu grito.
          ESTOU CANSADO! Não nasci para ser comandando. E sim, para comandar. Exijo que Marven seja abdicado de seu cargo. 
          Isto não foi determinado por nós, Horward    Eryell respondeu.
          Que se dane esse maldito conto! Nem sabemos se é real. Devemos nos basear no agora, no que nós decidimos.
          Cale a boca, Horward    Darkain respondeu. Suas pernas estavam jogadas em um dos braços da cadeira.
          Vocês não vão me dar ouvidos? Então não me escutem. Mas não vou continuar nisso.
       Houve alguns cochichos e murmurinhos. Eliora se levantou.
          Vamos sim, Horward. Todos concordamos com você. Mas queremos diferente. Queremos que todos nós tenhamos o mesmo poder dentro do Conselho.
          COMO?    Marven gritou raivoso    Ninguém tira meu poder! HOJE EU ACABO COM O CONSELHO! E DECLARO GUERRA A VOCÊS! O VENCEDOR DOMINARÁ TODA EGRON!    Marven se levantou e se retirou do templo com seus guardas. Todos estavam surpresos, exceto Horward. Ele deu uma risada e deu as costas.
          Que vença o melhor.
       Horward e Hefrix sairam após Marven com seus guardas. Por instantes o silêncio reinou. Ninguém tinha uma reação certa. Todos retomaram suas cadeiras.
          O que faremos?    Eryell perguntou ao grupo. A noite já caia e a grande lua cheia estava sob a cúpula. Os deuses olharam para a luz que fazia uma imagem desfocada no chão. Eryell se levantou com rapidez e olhou para o céu.
          Tem algo a nos dizer, Lua? Mostre-nos!    Eryell gritou para a Lua. A imagem desfocada ganhou foco e vida. Ela fazia ondas mas não se água, e sim, de fogo.
  

terça-feira, 22 de julho de 2014

Nono capítulo: Desaparecimento.

     O dia estava triste. O Sol estava envergonhado, escondendo-se atrás de chorosas nuvens. Rothen andava sozinho em busca de ervas para um chá. Colhia pequenas folhas recém crescidas com bastante cuidado e as colocava em uma sacola de pano. Mas sua concentração foi quebrada com o som de um grande estrondo. Assustou-se na hora e deu um pulo pra trás. Houve uma rajada de vento pelas folhas. Rapidamente, foi andando apressado até a origem do vento. Ficou parado entre as árvores por um tempo, observando o movimento. Uma mulher veio voando do nada e caiu na grama, rolando até parar de bruços. Parecia que estava desacordada e machucada. Seu corpo tinha algumas marcas de queimaduras. Preocupado, Rothen aproximou-se da mulher lentamente. Virou seu corpo e a olhou. Era pálida como uma nuvem e tinha cabelos corais como o fogo, eram ondulados como as ondas. Ele olhou a seu redor e não havia ninguém. Tomou a mulher em seus braços, começou a carregá-la jogada em seu ombro e adentrou na floresta. Também pegou suas ervas. Sua casa ficava próxima dali. Era uma espécie de casa diferente. Havia uma torre com uma passarela para uma casa na árvore. Na torre havia uma escada que subia para a passarela e abaixo do chão ficho tinha uma especie de gruta subterrânea, escondida com uma porta falsa no chão. Um tapete peludo escondia a porta falsa. 

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      Marven gemia de dor. A curandeira cuidava de seu machucado com cuidado enquanto ele gritava. Ela limpava o sangue e prendia com uma nova barragem. 
          Talvez teria sido melhor morrer do que sentir toda essa dor.
          Majestade... Sabe que você não pode morrer, há não ser que lhe atinjam no seu ponto mais fraco.
          Como está o ferimento?
          A flecha infecionou um pouco. Mas com as ervas que passei em breve ficará bom. E quanto ao pulso... Mande fazer um bracelete de ouro para cobrir as barragens e depois o usará para esconder o corte.
          Ainda bem que sou canhoto. Senão nunca mais poderia empunhar minha espada. 
          O senhor vai ficar bem. Mas poderia ter se machucado seriamente.
       Alguém bateu na porta e Marven ordenou para entrar. Walian entrou no quarto com um tipo de carta na mão.
          Como está, Marven?
          Imortal.
       Walian deu uma risada e aproximou-se. Marven o encarou.
          É ótimo que esteja de bom humor, já que não trago das noticias que você gosta de ouvir.
          Na verdade, ainda estou raivoso. Posso ter perdido a luta e a minha mão mas, Horward perdeu algo muito mais valioso. Aquela tal de comandante dele deve está morta em algum lugar. Fiquei decepcionado de não tê-lá encontrado. Já deve ter sido devorada a muito tempo. Horward ainda deve estar a procurando, puro desperdício de tempo. Mas que noticias trás a mim, velho amigo?
       

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      Já se passava do meio-dia. O Sol ardia nos céus ainda nublados. Horward estava sentado em seu trono, deprimido. Suspirava olhando para a janela. Passou os três últimos dias nesta forma, tirando rápidos cochilos. Um de seus homens entrou na sala do trono e se dirigiu até ele. A sala do trono estava escura, com as janelas tampadas por pesadas cortinas negras. As paredes eram de um tom cinza escuro. O chão era de pedras marrons. Havia duas escadarias nas laterais no mesmo tom do chão. Havia um palco onde estava o trono de Marven. Aos lados duas cadeiras luxuosas. Uma de Hefrix e a outra seria de Brenys. Acima do trono, tinha-se um vidral triangular. Preso no vidral uma bandeira cinza com uma chama negra no centro. O teto era desenhado e tinha um grande lustre de cristais negros. Ao lado do palco, duas grandes colunas estavam presentes, eram lisas e seu topo era triangular nos quatro lados, bem desenhado. O trono era de prata com o estofado preto. E atrás do trono tinha-se uma enorme estatua de um corvo de asas abertas. No tapete reto e comprido na frente do trono, estava o homem, ajoelhado diante Horward.
         Alguma novidade?
         Nenhuma, senhor. Perdoe-me. Ainda não a encontramos.
         Tudo bem, eu entendo    Horward ficou impaciente. 
      O homem se retirou e entrou um serviçal.
         Licença, senhor.
         Entre.
      O serviçal entrou, vez uma reverência e lhe entregou uma carta. Horward abriu e começou a ler furioso.
         Mande chamar Hefrix. Avise-a para se arrumar. Uma reunião foi convocada por Eryell. Vá imediatamente.
      O serviçal se foi e Horward gritou um dos homens de sua tropa. O homem veio com rapidez e se ajoelhou até Horward.
         Meu senhor, aqui estou.
         Tenho algumas ordens à tropa. Quero que continuem procurando por Hawklight em todo redor do território. Eu e Hefrix iremos nos ausentar por alguns dias. Quero ser obedecido. Por mais que já procuraram, não vou encerrar até achá-la. Não aceitarei qualquer tipo de contradição. Eu sou o rei e devem ser fiéis as minhas ordens. 
         Sabemos disso, meu senhor. Temos nossa total fidelidade à você e à comandante. Nós mesmos não descansaremos até encontrá-la. A cidade também a venera. Todos tem grande respeito e admiração por ela. Hawklight é muito forte. Tenho certeza que deve estar perambulando por algum lugar. Em breve a entraremos, majestade. 
         Tenho-lhe sua palavra?
         Sempre terá, majestade.


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         Lyne, em breve partirei. Fique aqui no castelo e espere por Gyles. Meus servos a obedeceram e a ajudaram em tudo possível. 
         Minha visão está cada vez mais embaçada, minha amiga.
         Fique calma. Em breve retornarei e serei novamente seus olhos temporários. Vou esclarecer tudo o que eles têm nos escondido, amiga. Farei justiça por ti. Quando eu voltar, lhe contarei tudo. Espere por mim.
         Aguardarei por ti, Eryell. Volte logo, minha grande amiga. Estarei contigo através da justiça. A justiça nunca falhará. 
         Nunca, Lyne, nunca falhará. Vou partir para o Templo Moonlight. Deseja-me toda a coragem necessária para conhecer a verdade. Dependendo do acontecido na reunião, poderá mudar todo o rumo. Uma grande luta pode-se cravar. Mas espero que tudo dê certo até o fim. Farei o possível por isso.
         Não se esqueça, a Lua sempre ajuda os desabrigados. Ela lhe dará sua coragem. A Lua é justa e pura. A Lua é Lua e sempre será Lua. Assim como no conto.

 
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     Brenys espreguiçou-se, bocejou e esfregou os olhos antes de abrir-los. Sentia dores no corpo e algumas ardências. Quando abriu os olhos, não reconheceu o lugar. Se viu deitada em uma cama que jamais deitará. Levantou num pulo mas, caiu sentada de volta na cama devido a tontura. Olhou ao redor e observou o local. Sua espada e seu chicote estavam em uma cabeceira próxima a cama. De olhos ainda cerrados, ela se levantou devagar e lentamente começou a andar. Pegou sua espada em suas mãos e foi até a porta, segurando-a com suas duas mãos. Abriu a porta e viu um homem na frente de uma lareira tomando algo em uma xícara branca. Silenciosamente, andou até ele. Ele deu uma risada.
        Finalmente acordou, moça.
        Quem é você? 
        Me chamo Rothen. E você não precisa apontar essa espada pra mim.
        Como vou saber que é confiável? 
        Acho que é só você dar uma olhada nos seus ferimentos que estão quase curados, não acha?
        Porque cuidou de mim?
        Eu a encontrei na floresta. Desmaiada e sozinha. Toda ferida. Preocupei-me com você.
        E se eu fosse má?
        Ainda bem que você não é. Me poupou de uma futura culpa. Como se chama?
        Brenys. Brenys Hawklight.
        Interessante. Gostaria de beber algo?
     Rothen apontou para uma poltrona. Brenys abaixou a espada e a colocou em sua cintura, depois sentou-se. Ele a serviu com chá.
        Por quanto tempo estou aqui?
        Você está a três dias desacordada.
        TRÊS DIAS?    Brenys cuspiu um pouco do chá que tomava    Horward deve estar me procurando!
        Acalme-se, você ainda não se recuperou. E porque um deus negro a procuraria?
        Sou a comandante da tropa dele. 
        Então você é a famosa guerreira do fogo. É bom conhece-lá.
        Tenho que retornar pro Subterrâneo.
        Você irá depois que ficar bem. E não adianta fugir.
        Porque não quer que eu vá embora?
        Sou muito solitário. E bastante protetor com as pessoas. Até as que não conheço.
        Poderia voltar comigo para o Subterrâneo.
        Engraçado.
        O que é engraçado, Rothen?
        Você não chama a cidade de casa ou lar.
        Lá não é meu lar. Nem minha casa.
        Então porque deve retornar? Você é feliz lá, Brenys?
     Brenys o encarou e lembrou das palavras de Gyles ao partir. Pela primeira vez duvidou se devia realmente voltar. Aquele seria seu lugar de verdade?  Será que valeria a pena passar por cima de seus conceitos novamente para agir de forma errada? Rezou baixo por alguma resposta. Mas a única coisa que veio a sua cabeça foi: A Lua. Ela brilhava de fundo na janela, nas profundidades do céu. Ela parecia a chamar. Ela a convidava. Ela a atraia. E Brenys correspondia como se fossem uma.
 
Silver Sword Legend Of Zelda