terça-feira, 17 de junho de 2014

Quarto capítulo: A luta.

    A noite estava quente. E Brenys caminhava sozinha, perdida na floresta. As árvores eram altas, não se dava pra ver nada. Caminhava pra todos os cantos, mas nenhum caminho se formava. As vozes gritavam na sua cabeça. O calor a fazia suar. Ela parou de correr por todo o canto. Sentou no chão e mergulhou em lágrimas. Não tinha rumo. Não tinha nada. Em sua frente uma criança apareceu. Ela tinha longos cabelos negros e ondulados como o mar à noite. Ela tinha os olhos verdes e desconfiados escondidos numa franja. Tinha os lábios carnudos e bochechas coradas. Sua pele era branca como neve. Parecia uma menina travessa com um sorrisinho nos lábios. Ela usava um vestidinho amarelo, sujo de lama. Seus pés estavam descalços. Ela encarava Brenys e Brenys a encarava. A menininha começou a correr.
       Espera!    Brenys gritou correndo atras dela. As lágrimas ainda escorriam, mas o sentimento de solidão havia desaparecido. A menina correu até a beira do mar, onde se tinha uma faixa de areia. Ela brincava despreocupada e feliz, jogando pedrinhas no mar    Ei, menina! Já é tarde. Deveria estar em casa!    Brenys gritou novamente para a menina que deu uma risadinha e começou a pular ondas. A lua era cheia e brilhava fortemente no céu sendo refletida na água. Uma mulher furiosa veio até a menina e a puxou pelo braço. Ela gritava com a menina que estava vermelha de tanto chorar. A mulher começou a levar a menina pela floresta e Brenys corria tentando a seguir e pedindo para esperá-la. Mas a mulher não a ouvia. Brenys tropeçou em uma raiz, caindo de cara no chão.
    Brenys acordou ofegante. Estava pálida e suando. Sua cama estava molhada de suor. Ela estava nervosa e tremendo    Foi só um sonho    Ela repetia pra si mesma. Ela encarava o lustre de cristal no teto. Enquanto seu ar voltava. Ela se levantou e foi até a janela. E a lua que estava no céu, era a mesma do seu sonho. Ela havia sonhado com sua infância. Quando ela era pequena, costumava ir a fronteira de Lightfire com Lumariand, a cidade submersa e território das sereias. Era proibida a pesca da sua cidade em Lumariand. Fazendo se alimentarem de caça e plantações. Se quisessem peixes, precisavam comprar de Lumariand. Eram os melhores peixes de Egron mas os melhores eram mais caros. Não era um lugar perigoso, mas qualquer lugar pra uma criança a noite e sozinha se torna perigoso. Sua mãe estava desesperada atras de Brenys naquele dia. Ela havia perdido a noção do tempo enquanto brincava na floresta e acabou se perdendo. Tinha ido tão fundo da floresta que a atravessou. Mas na sua lembrança, diferente do sonho, ela se sentava na praia chorando e pensando que nunca mais ia voltar pra casa. Mas no final sua mãe a achava. Seu pai também a procurava com alguns amigos da vila. Mas porque sonharia com aquele dia tão distante esquecido no passado? Ela procurava as respostas enquanto encarava a Lua, em busca de algum sinal.


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     Lyne aceitou o pedido de Eryell e resolveu passar a noite em Renewal. O castelo era tranquilo e o clima fresco. A maior parte dos criados já dormiam e as duas ainda estavam lá, jogando papo fora até tarde. 
        Como está minha irmã, Lyne?
        Você não sabe?
        Não nos falamos há algum tempo... Nem sei se ainda somos irmãs.
        Claro que são. E ainda por cima gêmeas! Vocês duas são muito parecidas mas muito orgulhosas. Não se falam por uma grande bobeira. 
        Grande bobeira?! Você acha que não ajudar a irmã quando precisou uma grande bobeira?! Renewal passou por momentos difíceis... Somos uma cidade pequena. Aquela praga foi difícil de superar. Ela matava as plantas e não conseguíamos fazer uma cura por não ter-las. Meu povo quase passou fome. E por isso temos uma grande divida com Greeneast. Prunda foi solidaria e fez um acordo conosco. Ela nos doou comida mas tivemos que lhe dar remédios de graça por três anos. Em Greeneast tem grande consumo de remédio para plantas. Foi um grande buraco na economia da cidade. Passamos os três anos sem comprar peixes de Lumariand. Já que o pouco que temos de mar pertence a Frost. Também não tínhamos animais nas florestas para caçar. Nos alimentamos com plantações nesses três anos. Mas conseguimos superar. Você acha justo?
         Não acho justo. Mas podiam entrar em acordo para fazer a justiça. Ou simplesmente a ignorar quando ela precisar.
         Mas se eu fizer isso e o povo dela precisar? Quantas pessoas podem morrer com isso? Não sou como ela. Sou superior. Ela pode ser a deusa escolhida para manter a ordem com Marven, mas não os torna superior de todos nós.
         Isso é verdade. Falando em todos vocês, já faz um tempo que não convocam uma reunião, não acha?  
         Sim. Mas tenho uma sensação que em breve teremos uma.

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      O dia já havia amanhecido. Quando Horward desceu para sentar-se a mesa do café, Brenys já estava lá. Ela tinha olheiras e uma face perturbada.
         O que foi, querida?
         Não dormi bem. Só isso, Horward.
         Parece perturbada.
         Impressão sua    Brenys deu um leve sorriso. Logo após desceram Gyles, Fera e Hefrix, juntando-se a mesa. O dia parecia tranquilo. De longe podia-se ouvir pássaros cantando. Todos conversavam, exceto Brenys que passou a maior parte do café calada. Um serviçal veio até ela e lhe cochichou por algum tempo.
         Gyles.
         Sim, Brenys?
         Por sua segurança, você não irá sair pelo Portal das Trevas.
         Mas, eu não vou sair por lá porquê?! E por onde vou sair então?
         Uma tropa de Spoke Gold está vindo em direção ao Portal. Estão vindo atras de mim e da espada    Brenys se levantou e chamou um serviçal, pedindo para que convocasse sua tropa    E alias, Gyles, aqui é o Subterrâneo. Temos muito mais que uma saída. 
      Brenys começou a caminhar para as escadas e Hefrix gritou.
         Ei, Brenys!    Brenys olhou pra trás    Volte logo. Temos que ver seu vestido de noiva.
      Brenys e Hefrix sorriram uma para outra. Aquilo era mais que um compromisso. Era uma promessa.
       
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      Uma tropa de uns 30 homens se aproximava, entre eles seu comandante, Geoffrey Seageon. Um homem rude, frio e calculista. Era um subordinado da eletricidade, era um subordinado de Marven. Ele sobrevivera muitas batalhas, quase todas vitoriosas. Marven tinha grande confiança nele. Sua família fazia parte da grande elite burguesa de Spoke Gold. A tropa estava na metade de Steel Honor, em aproximadamente um dia eles chegariam ao Portal. Geoffrey era rígido. As horas de descanso foram reduzidas para chegarem mais rápido.
         Comandante?
         Diga.
         Não acha que deveríamos descansar mais um pouco? Os homens estão cansados. Não vão conseguir enfrentá-los destra forma. Sem falar do dragão..
      Geoffrey arregalou os olhos e segurou o homem pelo pescoço.
         A VERDADE É QUE TODOS VOCÊS ESTÃO MORRENDO DE MEDO! VOCÊ TODOS SÃO UNS GRANDES COVARDES. DEVIAM HONRAR A ARMADURA QUE VESTEM. SOMOS A TROPA DE MARVEN, GRANDE DEUS DA ELETRICIDADE! PAREM DE CHORAR FEITO CRIANÇAS E SEJAM HOMENS.
      Geoffrey jogou o homem no chão e gritou que o tempo de descanso havia acabado. Aquela tropa tremia e tinha o olhar baixo de medo. Se o comandante piscasse, talvez todos fugiriam. Mas não podiam. Tinham um dever a fazer. Com medo ou sem medo. Morrer nas mãos de um dragão seria melhor do que morrer nas mãos de Marven.

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          Comandante, Hawklight?
          Sim.
          Estamos todos aqui.
          Ótimo. Então vamos começar    Brenys estava com sua armadura prata com ombreiras em forma de leão. Por cima de uma calça de prata, havia uma saia vermelha com uma abertura na frente. Era uma bela armadura e que combinava muito bem com Brenys. Seu chicote estava amarrado em sua cintura junto com sua besta e sua espada em suas costas. Ela e sua tropa estavam reunidos em uma sala com uma grande mesa preta. Brenys se sentou na unica cadeira da ponta e a tropa nas laterais. 
          Vou lhes informar a situação. A espada da jurisdição é muito importante para Horward. Precisamos protegê-la a qualquer custo. Nossos espiões de Steel Honor disseram que uma tropa de Marven está vindo para o Portal. Eles estão me procurando e pretendem recuperar a espada. Dessa vez não sai ser brincadeira. Mas lembrem-se, temos Zutic. Acho que a estrategia deles é mandar um numero pequeno de homens para ser mais fácil a infiltração. Creio que Marven acredita que o Subterrâneo está com poucos reforços, já que grande parte da tropa está dividida em outras missões pelo reino. Mas temos o dobro, temos aqui 60 homens. Então, farei a divisão. Todos de acordo?
        Os homens da tropa concordaram com ela e novamente fizeram silêncio esperando suas ordens. Era era uma grande líder e todos depositavam sua fé e força em Brenys.
            Preciso de cinco arqueiros no telhado do castelo e dez guerreiros aqui dentro para a proteção do castelo. Preciso de mais quinze para vigiar os arredores do castelo. E os trinta que sobraram vão me acompanhar. Entre esses trinta tenho uma estrategia. Na linha de frente serão cinco arqueiros e com eles cinco escudeiros para proteção deles. Na linha secundaria dez guerreiros vão comigo pelo Portal. 
         Brenys mostrava a estrategia a seus homens em frente a um grande mapa do Subterrâneo. 
            E os outros dez homens, comandante Hawklight?
            Boa pergunta. Os outros dez homens vão por uma passagem alternativa que também sai nas montanhas próximo ao Portal. Foi uma passagem criada com essa finalidade de estrategia    Brenys apontava a passagem no mapa e explicava cada detalhe cuidadosamente    Lembrem-se que a traição custa caro e não é admitida. Todos aqui devem saber e entender seus propósitos senão nada disso terá sentido. Algumas mortes podem em nossa tropa ser inevitáveis mas vamos fazer tudo para serem menores possíveis. E que as grandes mortes sejam da tropa inimiga. E tentem capturar pelo menos um homem vivo. Precisamos de informações. Estão todos cientes e sem dúvidas?
            Sim comandante!    A tropa gritou em coro.
            Então vamos a luta!    Brenys gritou levantando sua espada. Todos os homens fizeram o mesmo movimento e gritaram junto. O dia seria longo e cansativo mas valeria a pena. 

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         Enquanto os homens se organizavam e preparavam tudo para amanhã, Brenys foi até Gyles e Fera que terminavam se arrumarem e se despidirem de Horward e Hefrix para partir.
            Me avisem sobre a festa de noivado, faço questão de vir, Horward.
            Será comunicado, Gyles. Eu mesmo arrumarei uma forma disso.
         Brenys entrou na sala, observando o grupo que conversava.
            Gyles?
            Sim, Srta. Hawklight. Ou Brenys? Como devo chamá-la? Eu sinceramente prefiro Brenys. 
            Deixe pra se decidir depois. Você tem que ir agora. 
         Brenys, Gyles e Fera saíram do castelo e começaram a andar para Noroeste. 
            Brenys, é por aqui que vive Hilia, certo?
            Sim mas ela não é ofensiva. Ultimamente não tem feito grandes besteiras, então a deixamos continuar por aqui.
            Entendi...
            A saída dessa passagem vai dar em frente ao Templo Moonlight próxima a área de LightFire, então não terá problemas já que eles virão por Steel Honor. 
         Eles chegaram a passagem e trocaram um aperto de mãos.
            Obrigada, Brenys    Brenys sorriu para ele.
            Pelo visto já se decidiu como vai me chamar.
            Sim, me decidi. E você, Brenys, já se decidiu?
            Sobre o que?
            Se realmente esse é o lugar onde você deve estar    Brenys ficou sem palavras. Abriu a boca mas o som não saia. Gyles deu uma gargalhada e sorriu para ela.
            Fique tranquila! Ainda vai ter tempo pra se decidir. E pra te ajudar, vou deixar duas perguntas no ar pra você    Gyles a encarou    Você acha realmente que a vingança é o que motiva você a estar aqui? E você encontra felicidade com o que faz aqui? Encontre as respostas de você.

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         O resto do dia no castelo foi agitado, todos estavam exaustos e descansaram a noite. O dia já nascia e a tropa de Marven estava chegando. Brenys e sua tropa estavam assumindo seus postos. Brenys estava no Portal interior, esperando o sinal de Zutic. Todos estavam ansiosos e nervosos. Brenys mantinha sua postura e respirava fundo. Sua tropa trazia leões albinos, animais que ajudavam em lutas e proteção do Subterrâneo. Todos contavam os segundos quando se ouviram os passos correndo em velocidade. Zutic soltou um alto e forte rugidos e a tropa se colocou em posição. Brenys colocou seu capacete e em suas mãos estava sua espada. Ela a levantou e gritou.
            AVANTE!    Os homens abriram o grande portal e começaram a correr até o outro portal. Do túnel podia-se ouvir os gritos dos homens queimando com o fogo de Zutic e o som das espadas tilintando. Foi quando as grandes portas do Portal das Trevas se abriram, as flechas os inimigos atingiram e os guerreiros em frente seguiram. Da grande escuridão do túnel saiu a faísca, que com a luz se tornou fogo. E lá estava o fogo, queimando a todos que tentassem a atacar. A grande espada do fogo só obedecia aqueles que que o fogo correspondia. E aquele fogo tinha nome e forma. E eles o chamavam de Brenys Hawklight, a guerreira do fogo.

Um comentário:

  1. Assim que a gente gosta. De lutas! JSBADHSADAS Ah, curtir bastante. Esse Geoffrey, coitado, se achando o Marven. Sofro. Quero detalhes da luta no próximo capítulo.

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