terça-feira, 10 de junho de 2014

Terceiro capítulo: A lenda.

   Eryell e Lyne conversavam bastante. Eram boas amigas. Sentiam que podiam confiar uma na outra. Elas tomavam chá no jardim. O jardim do castelo era belo, com mesas e bancos de vidro reluzente. A grama e as plantas tinham um tom arroxeado. Os pequenos arbustos tinham flores brancas. No jardim, havia uma grande estufa, onde Eryell cultivava suas plantas medicinais. Ela possuía plantas pra todo tipo de coisas. De plantas que salvavam vidas a plantas que causavam mortes. A estufa parecia-se com uma cúpula de vidro. Era bela e diferente. Parecia-se até uma grande escultura redonda. Eryell tinha alguns criados e todos a amavam e a respeitavam. Alguns a chamavam carinhosamente de grande mãe. Ela amava crianças, sempre trazia as crianças do reino ao seu castelo. Mandava preparar uma grande mesa de doces e guloseimas para elas. Eryell era bem seletiva. Ela convidava algumas meninas com 15 anos e as treinava com técnicas medicinais. As melhores curandeiras do mundo de Egron haviam sido suas discípulas.
      Está tão quieta hoje, Eryell.
   Eryell sorriu para Lyne. Demorou alguns minutos até responde-lá.
      Está vendo, Lyne
?
      O que, Eryell?
      Aquela roda de crianças. Uma de minhas servas está contando a Lenda de Belia.
      E qual é o problema disso?
      Nenhum. Você conhece a Lenda de Belia, Lyne?
      É a tal história da criação, não é? Não conheço bem.
      Então, eu lhe contarei, Lyne    Eryell se arrumou na cadeira e tomou mais um gole de seu chá    Há muito tempo atrás, exista um casal de deuses chamados de Criadores, eram Belia e Tâmaro. Belia tinha olhos violeta e possuía os cabelos brancos, mas seu rosto era sempre jovem. Tâmaro era um homem robusto de aparência jovem. Tinha os cabelos de tom caramelo e olhos mais azuis que o mar. Dizia-se que eles moravam na estrela mais brilhante do céu, a Lua. Eles possuíam um belo reino de paz. Um reino de muita prosperidade, cheio de vida, alegria e música. Belia era tão bela que diziam que a própria Lua tinha inveja de sua beleza.  Ela tinha um grande amor pelo nosso mundo.  Todos os dias, ela passava horas admirando-o. Em seu reino, também havia mais dois casais de deuses. As duas irmãs de Belia eram casadas com os dois irmãos de Tâmaro. Todos viviam em plena harmonia. Numa Lua de fertilidade,  Henne, irmã do meio de Belia, engravidou. Após Henne, Belia. E por ultimo, Maya, irmã mais nova de Belia. Depois mais crianças nasceram. Cada irmã havia tido quatro filhos. As crianças foram crescendo. As doze crianças haviam trazido muita alegria ao reino. Mas, num dia comum, um reino declarou guerra a Lua, querendo torná-la parte de seu reinado. Preocupados com os jovens filhos, os deuses tomaram uma sábia decisão. Confiaram a Belia seus filhos, mandando a levá-los para Vallinde. Onde Belia despertaria a vida do grande mundo de gelo. O filho mais velho de Belia e a gêmea nascida primeiro de Maya seriam os novos grandes deuses que estabeleceriam a paz entra os outros. Henne ficou raivosa com a decisão, declarando que seu filho mais velho e sua filha mais nova seriam os grandes deuses negros, que nunca deixariam ter paz no acordo. Então, seguiu Belia com os doze jovens até Vallinde. Quando Belia deu seu primeiro passo no mundo de gelo, o gelo foi se desfazendo até virar uma terra fixa.  Naquele momento, Belia declarou que a partir daquele dia, aquele mundo se chamaria Egron. Em doze cantos daquela terra, cada um recebeu um jovem que trouxe a vida às pessoas que vivam naquela terra.  Fizeram um acordo de proteção a seu povo, cada jovem se tornando deus de sua terra. A Lua conseguiu vencer a guerra, mas tinha sido transformada em ruínas. Sobrando apenas alguns vivos, que foram tragos ao novo mundo. Belia teve uma escolha difícil a fazer, mas era precisa. Para que os doze nunca retornassem a Lua, ela apagou suas lembranças de tudo relacionado a ela. Deixando apenas o dia em que eles chegaram a sua nova terra.  Belia, por si só, sumiu naquele mundo para que os doze jovens cuidassem dele. Deixando apenas um templo que ficava ao meio daquela terra, o templo Moonlight, que seria uma lembrança oculta da origem deles.
       Você realmente acredita nessa história, Eryell?
       Sim, eu acredito. Acredito que sou filha de Maya e em toda a história.


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     Brenys arregalou os olhos. Ficou sem ar por alguns instantes.Ela realmente ficou surpresa. Jamais esperava algo assim e tão de repente. O que para ela eram horas que haviam se passado, na verdade eram segundos. Brenys sempre teve medo de compromissos. E esse pedido eram dois compromissos. Ela respirou fundo e resolveu sorrir. E a promessa negra foi feita.
       Eu aceito, Horward.
    Horward ficou radiante. De um jeito que ela jamais tinha visto. Ele não conseguia conter a felicidade. Levantou-se, tomou-a nos seus braços e a abraçou gentilmente. Foi a primeira vez que Brenys o via tão gentil. Ela acariciou seu rosto e o beijou docemente. Os dois sorriram entre o beijo. Nunca se viu um casal tão feliz. Os dois foram andando até a torre. Ele mandou os servos prepararem o jantar e mandou chamar sua irmã e seu convidado. Brenys e Horward estavam na torre, observando o sol se pôr. A noite já caia e ela testemunhava a promessa feita. Estava tudo em paz. Talvez tenha sido a primeira vez que Horward realmente desejou paz. 

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       Senhorita Hefrix.
    Hefrix levantou a cabeça que estava jogada no travesseiro quando ouviu os toques na porta e respondeu.
       Sim?
       O senhor Horward pediu a sua presença e a de seu convidado para o jantar no jardim.
       No jardim?
       Sim, senhorita.
       Estaremos lá, obrigada.
    O servo se foi e Hefrix cutucou Gyles. Os servos do castelo gostavam de Horward e Hefrix. Eles eram bons patrões, eram compreensivos e até amigáveis. Os servos participavam de festas e eram bem recebidos.
       Ei Gyles, Horward está chamando.
       O que foi?
       Não sei, deve ser algo importante.
    Os dois se levantaram e se vestiram. Hefrix tomou um rápido banho e colocou um vestido preto simples. Os dois desceram e foram até o jardim. A mesa estava bonita e repleta de comidas deliciosas. Brenys e Horward os aguardavam. Gyles e Hefrix se sentaram.
       Faz um tempo que não vejo uma mesa tão cheia.
       Então, qual é o motivo disso tudo?    Disse Hefrix.
    Horward soltou uma gargalhada. Um dos servos tocava um piano que havia no jardim. O outro lhes servia vinho e depois se retirou.
       Tem sim um motivo, Hefrix.
       Então conte.
       Eu e Brenys iremos se casar.
    Gyles arregalou os olhos e quase engasgou com o vinho. Hefrix sorriu e levantou para abraçar Brenys. Ela retribuiu o abraço com vontade.
       Parabéns! Estou tão feliz por vocês!    Hefrix apertava Brenys.
       Obrigada, Hefrix. Faço questão que seja a madrinha.
       Parabéns ao casal. Que tal um brinde?    Gyles levantou sua taça.
       Obrigado, Gyles.
    Todos levantaram suas taças e Gyles gritou.
       AO CASAL!
       Ao casal!    Todos repetiram, brindando.
       Espero que venha, Gyles.    Horward bebericava seu vinho.
       É um convite?
       Sim, é um convite.
       Então, quando será a festa de noivado?
    Todos riram com a pergunta de Gyles. O resto na noite foi divertida. Os quatro passaram a noite dançando, rindo e aproveitando a alegria que lhes foi dada ao máximo. Eles só desejavam que a noite não acabasse e que a alegria durasse pra sempre. A Lua parecia dançar junto com eles.

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    Tropas saiam de Spoke Gold atras daquela mulher de cabelos de fogo. Procuravam-a por todo canto. Muitos deles sabiam muito bem onde ela estava. Mas poucos tinham coragem para ir. Ninguém queria enfrentar um dragão.
    Marven andava de um lado para o outro em seu castelo de ouro. Pankul comia algumas uvas, jogado num confortável sofá na biblioteca de Marven. As paredes altas eram cobertas por estantes embutidas com diversos livros. Em uma das paredes, havia uma grande janela oval a qual Marven não parava de olhar. 
        Olhar pela janela não vai adiantar    disse Pankul mordiscando uma uva. 
        Ainda não acredito que isso aconteceu. Não podia ter acontecido. 
        Calma, Marv..    Pankul nem conseguiu terminar a frase e Marven o interrompeu.
        COMO POSSO TER CALMA?    Marven derrubou um vaso com algumas flores no chão. O vaso se espatifou em mil pedaços e a água encharcou o chão    ELE QUER ROUBAR O MEU REINO. ELE QUER TOMAR O MEU LUGAR. O MEU LUGAR!
     Os criados de Marven estavam assustados, todos recuavam. Tinham medo dele na maior parte do tempo. Ele vivia estressado e quebrando as coisas.
        Destruir tudo não vai ajudar. Espere Marven, em breve essa espada retornará a Steel Honor e tudo ficará bem.
        Se isso não acontecer, eu mesmo destruirei o Subterrâneo. Com a minha própria espada. 


*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*

     Brenys estava em seus aposentos. Aquele fim de noite estava fresco. Ela segurava no corrimão da varanda e olhava pra Lua. E até parecia que a Lua também olhava pra ela. Brenys estava feliz mas também se sentia confusa.
        Ah Lua.. Você aí, tão distante. Estou tão confusa. Amar é fazer escolhas. Escolhas que podem passar por cima de seus princípios. Há tantas coisas que Horward faz e não concordo.. Será que serei feliz desse jeito?
      Brenys sentindo-se tola ao esperar alguma resposta, entrou no seu quarto. Sentou-se a sua penteadeira e começou a pentear seus cabelos cor de fogo que a um dia, em tempos atras, fora preto como o céu da noite. Ela deu corda em sua velha caixinha de música e fechou os olhos para ouvir a melodia. Melodia que lhe trazia tantas lembranças de casa. Seu coração apertava e sentia saudade. Mas como ela poderia perdoar? Como ela podia aguentar toda a humilhação? Ela ainda conseguia ouvir os gritos de sua mãe e as risadas de sua vila. E de fundo podia ouvir as palavras do prefeito da vila: "Você, Brenys Hawklight, está expulsa da vila". As palavras ecoavam em sua cabeça. Ela queria gritar mas sentia sua garganta fechada. Sua mãe estava em prantos de joelhos ao chão. Seu pai tentava a confortar mas era quase impossível. Sua irmã mais nova também chorava. Sua irmã mais velha tinha uma face triste ao lado de seu marido, choramingava em seu ombro. Brenys lembra das palavras que disse a sua família quando partiu. Jurava a si mesma a vingança. Sob a luz da Lua, ela jurou a si mesma que voltaria aquela vila e mostraria seu valor e reconhecimento. Como estariam suas irmãs? E sua mãe e seu pai? Já haviam se passado dois anos. Ela tinha uma grande saudade de sua mãe e de sua irmã mais nova. Lembra-se de levá-la sempre para ver Volcano, um grande vulcão onde vivam-se dragões em LightFire. Ela sentia vontade de correr até sua casa, deitar no colo de sua mãe até tudo isso passar. Mas não passaria. Ela precisava crescer. Ela havia se tornado mulher. Uma guerreira lider de uma grande tropa. Havia vencido muitas batalhas e vivido grandes aventuras. E no fundo, tudo isso valia a pena.


*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*--*

         Eu e Fera partiremos amanhã, após o café.
         Mas já vai? Mal chegou.
         Sou um nômade. Sou um caçador. Preciso trabalhar.
      Gyles acariciava os pelos de Fera.
         Mas e a Lyne? Não vai matá-lo?
         Vou dar meu jeito. Eu sempre dou.
         Você vai voltar, não vai?
         Não perderia essa festa de noivado por nada deste mundo.
      Ambos soltaram uma risada.
         Até que você não parece tão assassina desta forma.
      Hefrix riu do comentário. Depois fez uma careta.
         Preciso me manter sempre jovem e forte. Só pego a vida daqueles homens porque preciso para me manter humana.
         Faz isso tudo só por uma questão de beleza e egoismo?
         Não é uma questão de beleza. Talvez até seja egoismo. Mas é mais uma questão de aceitação... Diga-me Gyles, você aceitaria-me naquela aparência assustadora? Aceitaria-me na pele de um demônio?
      Gyles ficou em silêncio e olhou para o céu. Contemplou a Lua e sorriu.
         Hefrix, você consegue ver a Lua quando ela está negra?
         É claro que não.
         Mas você sabe que ela está lá, não sabe? 
         Sim, eu sei.
         Não vou mentir a você. Sua aparência de inicio, realmente assusta. Mas conhecendo você melhor agora, não lhe acho mais tão assustadora. O que me assusta não é sua aparência, e sim, o medo de você me matar. Você é uma succubus bonita. Já vi algumas que preferia ser cego ao vê-las.
      Os dois deram gargalhadas. 
         Acho que isso foi um elogio, certo?
         Claro que foi    Gyles respirou fundo e olhou para Hefrix    Acha que vai dar certo?
         O que?
         Esse casamento.
         Acho que sim. Esses dois se amam muito mais do que você pensa. Não é qualquer pessoa que consegue amolecer meu irmão. Brenys o tem na palma da mão praticamente. Gosto bastante dela. Ela já me ajudou em muitos surtos de raiva.
         Surtos de raiva?
         Sim. Cada um tem sua loucura, não é? Sinto raiva por ser assim. Queria ter nascido como Horward. Por isso faço de tudo para ter minha forma humana. Minha forma de succubus só me traz dor.
      Hefrix levou Gyles ao quarto de hospedes e lhe desejou boa noite. Caminhando devagar, ela foi para seus aposentos descansar. Uma noite tão boa como aquela eram raras. Ela aproveitou tudo que pôde. Agora era hora de descansar e conhecer o mundo dos sonhos de desta noite.

Um comentário:

  1. Bah, gostei muito desse capítulo. Só depois daquela história que a Eryell contou que comecei a pegar a deia da história KKK' Ainda não sei o que acho desse relacionamento Boward. Sei lá. A Brennys não parece gostar muito dele, sabe ? Mas, né. Não sei quais são as suas ideias pra eles dois juntos KKKKK'

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